27.9.17

O erro do impulso genético

Sabemos por que temos filhos - Richard Dawkins explicou-nos isso em 1976 - mas isso não nos dá a resposta para o que queremos para os nossos filhos. O impulso genético manda-nos reproduzir mas é indiferente àquilo que acontece com essa reprodução. Sejam fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra, e assim. E depois, imagino, chateiem a cabeça dos vossos filhos para eles fazerem a mesma coisa. Deve ser por isso que os pais se emocionam no casamento dos filhos, é o gene egoísta a esfregar as mãos de contente, como um plano que está a dar certo. Mas os meus filhos não são só a arca que transporta o meu código genético, são também pessoas que vão povoar o mundo à sua maneira. Por isso a pergunta persiste: o que quero eu para os meus filhos? Como qualquer pai cometo o erro de gostar quando eles se parecem comigo, quando fazem coisas que eu também faço, quando dizem coisas que eu também digo. Mas sei que isso é irrelevante (se eu achar que não é irrelevante tenho de estar convencido de que eu sou uma pessoa melhor do que a média das pessoas). Não, eu não quero que eles se pareçam comigo. O esforço que ponho na sua educação é para garantir que eles serão adultos informados e capazes de tomar sozinhos as melhores decisões para a sua vida. E quando me pedirem conselhos, lembro as sábias palavras do grande filósofo contemporâneo chamado Conan O'Brien: «work hard, be kind, and amazing things will happen.»

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